Protesto

Moradores do interior de municípios da região estão há 12 dias sem energia elétrica e sem previsão de restabelecimento

Em Arroio Grande, Canguçu e Piratini residentes apontam a falta de atendimento da CEEE Equatorial e sensação de descaso pela concessionária

Foto: Richer Cunha - Difusora FM - Produtores derramaram leite no chão em protesto às perdas pela falta de luz

Próximo de completar duas semanas que um temporal atingiu a região, moradores do interior de vários municípios ainda estão vivendo no escuro, enfrentando dificuldades para atividades básicas da rotina e calculando prejuízos que se acumulam a cada dia. A demora somada à falta de previsão para o restabelecimento da energia elétrica motivou produtores rurais e pescadores de Arroio Grande a protestar na sede da CEEE Equatorial na manhã desta segunda-feira (1°). A situação é a mesma nas zonas rurais de Canguçu e Piratini.

Ao derramar inúmeros litros de leite que estragaram devido a falta de refrigeração, cerca de 50 produtores de Arroio Grande expressaram a indignação diante das perdas e de nenhuma solução da concessionária em 12 dias sem eletricidade. Com o protesto, os manifestantes conseguiram a promessa de que veículos seriam encaminhados ao interior do Município para restabelecer o serviço em breve. Caso isso não ocorra até quarta-feira, outra mobilização será realizada, mas dessa vez na sede em Porto Alegre.

"Os prejuízos são do pessoal do leite, mas já se sabe de algumas toneladas de arroz que acabaram estragando por causa da secagem. Em todo o nosso interior, hoje é muito raro encontrar energia", diz o presidente da Fetar, João Larrosa. O representante dos trabalhadores rurais afirma que as perdas ainda são inestimáveis e que somente cerca de 30 dias após o retorno da energia será possível normalizar as atividades das produções rurais.

Em Canguçu

Na Coxilha das Flores, 4º distrito de Canguçu, boa parte dos moradores atingidos pela falta de luz são idosos. Com um gerador ligado apenas para que seja possível puxar a água do poço para a caixa da casa, Rose Machado, relata que a situação é pior pois junto com ela e o marido reside dois idosos, sendo com mal de Parkinson. Sem conseguir atender as necessidades dos avós de forma adequada, a moradora diz que o cenário é "desesperador". De acordo com ela, são 150 famílias somente na rua dela sem luz, inclusive a sogra diagnosticada com Esclerose lateral amiotrófica. "Só em um quilômetro perto da minha casa tem oito idosos e dois acamados, sem gerador nem nada, temos vizinhos que estão colocando tudo fora".

Além disso, na manhã de ontem, Rose foi demitida da leitaria em que trabalhava porque o gerador que mantinha o empreendimento funcionando queimou e o proprietário resolveu vender as vacas e fechar o local. "Eu fui demitida pela falta de luz".

Em Piratini

Na mesma situação que os residentes de Canguçu e Arroio Grande, uma moradora do interior de Piratini declara que "para a gente que mora aqui fora não é fácil, ficamos no descaso dos outros". Danubia dos Santos também cuida de dois idosos de 94 anos que residem na sua casa e relata que qualquer atividade da rotina deles é muito "dificultosa" sem energia elétrica. A mulher lamenta ainda que o filho de dez anos está há 12 dias sem aula devido a falta de luz e água e que, inclusive, a UBS da região não está em funcionamento. "Desde o primeiro dia eu ligo, mando mensagem, mas agora chegou em um ponto em que eles não atendem mais", conta sobre o contato com a CEEE Equatorial.

Danubia lamenta ainda que também tem evitado sair de casa pois na rua há ainda postes e fios caídos. Na última quinta-feira, um grupo de assentados e moradores do interior realizou um protesto e inclusive pretendiam ocupar o imóvel que é a sede da CEEE Equatorial em Piratini em busca de solução.

A assessoria de comunicação da CEEE Equatorial não retornou os questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.​​

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